Grupo de Edição Electrónica

19 novembro 2005

Novo Meio, Novas Linguagens

Depois de ler alguns dos textos que estão na secção "Estudos" deste blogue, considero que Canavilhas ("Webjornalismo - Considerações gerais sobre o jornalismo na web") foca a atenção numa distinção que me parece muito pertinente. Estou a falar da distinção entre jornalismo online e webjornalismo. Acho que é uma distinção de conceitos que faz todo o sentido e que pode fazer toda a diferença quando falamos de jornalismo neste novo medium que é a Internet.

Em suma, diz este autor que o jornalismo online não é mais do que uma transposição do jornalismo tradicional (o dos jornais, das rádios e das televisões) para um novo meio. Ou seja, um jornal, uma rádio ou uma televisão que criam um site que funcionará como um suporte adicional ou alternativo para os conteúdos veiculados no suporte tradicional.

O webjornalismo, por outro lado, será o verdadeiro paradigma do jornalismo do novo meio, pois será capaz de proporcionar a convergência entre texto, som e imagem em movimento. Dito de outra forma, será capaz de potenciar a articulação entre as várias linguagens próprias do novo meio. É fácil reduzi-las a três: a linguagem multimedia, a linguagem hipertextual e a linguagem interactiva.

Penso que actualmente estamos a meio caminho entre os dois conceitos. Incialmente, os media tradicionais (jornais, rádios, televisões) viram a Internet como uma oportunidade de ouro para divulgar os seus conteúdos. Mas não dominavam ainda muito bem as novas linguagens. Daí, que consultar um jornal na Internet era pouco mais do que ler o mesmo jornal, mas num ecrã de computador. Com o passar do tempo e com o aumento das exigências por parte de um público também ele novo, houve necessidade de adaptação, como se pode comprovar no estudo de Elisabete Barbosa ("Interactividade: A grande promessa do Jornalismo Online"). Percebe-se que os sites dos jornais analizados ("Expresso", "Público", "El País" e Washington Post") são produtos completamente distintos da versão em papel.

As potencialidades do novo meio estão aí e são bastantes, o grande desafio é saber utilizá-las eficientemente. Não se pode escrever do mesmo modo, por exemplo, como se faz para um jornal tradicional, pois o utilizador tem mais liberdade e é mais impaciente. Daí a necessidade de substituir as regras da "pirâmide invertida" pela "escrita em blocos".

De qualquer forma, é impensável que o suporte de papel venha a desaparecer. Penso que isso só iria contribuir para o escalar da infoexclusão. Não nos podemos esquecer que há pessoas que não podem pagar uma ligação à Internet, nem o seu acesso está facilitado à generalidade da população.(Apesar de se falar tanto em choque tecnológico.)